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Artigo no New York Times

By ALLAN KOZINN

JUNE 20, 2005:

http://www.nytimes.com/2005/06/20/arts/music/20path.html

sobre New Paths in Music Festival em Manhatann que inclui a peça

"Ligamos os motores damos aos remos"

RTP - ENTREVISTA - O FIM, Ópera Íntima, 23 Fevereiro 2006:

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/carlos-marecos/

Crítica de Discos

Jornal de Letras, 15-28 de Março 2006

por Maria Augusta Gonçalves

Carlos Marecos, O Fim - Ópera Íntima,

dir. Humberto castanheira,

ed. autor, 64’ 15’’

A intimidade da loucura

António Patrício e a tremenda força poética de O Fim estão na base da ópera de Carlos Marecos. É uma «ópera íntima», leal à expressão do escritor que marcou o simbolismo com a dimensão trágica da saudade, e ao carácter profético do texto, publicado no crepúsculo da monarquia e no auge da degradação do sistema.

Carlos Marecos estrutura a obra sobre duas vias ou dois quadros - um, o da Rainha, papel lírico, cantado; outro, o Desconhecido, dito por um actor. A conjugação as duas linhas estabelece a tensão e a proximidade ao drama. O carácter íntimo de O Fim remete a obra de Carlos Marecos para modelos primordiais da ópera. A expressão, claro, é contemporânea, única, actual. Mas, ao mesmo tempo, afigura-se menos distante das referências da Camerata Fiorentina e dos modelos primordiais da ópera, do que dos posteriores. O espírito de Monteverdi, aliás, parece não andar longe, em particular nas secções em que o clarinete ou a trompa sobem à «boca de pano», pressentindo-se o papel determinante da música na acção.

O Fim, ópera íntima, materializa uma emocionante leitura do texto de António Patrício. E a música de Carlos Marecos tem a lucidez de não temer o que é próximo e íntimo na loucura. Na interpretação destacam-se a soprano Margarida Marecos, o actor Guilherme Filipe e, entre os músicos, Manuel Jerónimo, clarinete, Ângelo Caleira, trompa, Francisco Sassetti, piano, e Susana Nogueira, violino.

MARIA AUGUSTA GONÇALVES

 

 

Crítica de Discos

Jornal Público, 14 de Janeiro de 2006

por Manuel Pedro Ferreira

O Fim - Ópera Íntima

Carlos Marecos

Vários intérpretes

Edição de autor

64' 15"

Registo sonoro da mais recente obra cénica do compositor Carlos Marecos, com libreto de Paulo Lages sobre a peça "O Fim" de António Patrício, conta com a participação da soprano Margarida Marecos (Rainha), do actor Guilherme Filipe e do maestro Humberto Castanheira, à frente de um pequeno grupo de instrumentistas e de três recitantes.

Trata-se de um exemplo particularmente bem conseguido de teatro musical, em que a conjugação polifónica de texto declamado e texto cantado, com um envolvimento discreto mas eficaz da música instrumental, produz um resultado estético tão inusitado quão cativante.

A concentração da escrita musical na soprano, em secções em que o texto declamado quase desaparece e o texto cantado peca por prolixidade, tem contudo o efeito de sublinhar a identidade motívica do canto e de criar alguma monotonia no segundo quarto da obra, sem prejuízo da adequação prosódica e da sensibilidade expressiva que Carlos Marecos sempre reserva à voz.

O estilo, fortemente cromático, vale-se da linearidade discursiva e de um acompanhamento semi-atmosférico, semi-imitativo, para nos conduzir por terreno relativamente familiar, em ambiente de permanente "suspense".

Margarida Marecos tem uma dicção de notável clareza, unida a uma voz tecnicamente segura, de timbre bonito e homogéneo. Guilherme Filipe é convincente, evitando o exagero. Os restantes intervenientes demonstram comparável profissionalismo.

A gravação, de José Fortes, é transparente, equilibrada, espaçosa. É sintomático da actual situação que um disco de conteúdo tão significativo e tão bem produzido não conste de um catálogo comercial.

MANUEL PEDRO FERREIRA

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